Milei busca reconquistar eleitores desencantados em eleição legislativa de meio de mandato na Argentina
Por Nicolás Misculin BUENOS AIRES (Reuters) - O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrenta eleições legislativas cruciais no domingo para determinar se ele conseguirá dar continuidade a uma

Por Nicolás Misculin
BUENOS AIRES (Reuters) - O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrenta eleições legislativas cruciais no domingo para determinar se ele conseguirá dar continuidade a uma reforma econômica do país que tem sido apoiada pelos Estados Unidos e incentivado os investidores.
A eleição ocorre em um momento delicado para Milei, que está enfrentando a oposição peronista de esquerda que há muito tempo dominava a política argentina. Vários escândalos de corrupção, um declínio na popularidade impulsionado por eleitores frustrados com as medidas de austeridade abrangentes e uma perda importante em uma eleição local em Buenos Aires fizeram com que os mercados argentinos despencassem e o peso atingisse uma baixa histórica.
Ainda não se sabe como uma recente demonstração de apoio do presidente dos EUA, Donald Trump, pode afetar a votação. O banco central da Argentina assinou recentemente um acordo de estabilização da taxa de câmbio de US$20 bilhões com o Departamento do Tesouro dos EUA e uma possível linha de crédito de US$20 bilhões apoiada por bancos dos EUA também pode estar a caminho.
Metade da Câmara dos Deputados da Argentina, ou 127 assentos, e um terço do Senado, ou 24 assentos, está em disputa. A oposição peronista tem atualmente a maior minoria em ambas as casas. O partido de Milei tem apenas 37 deputados e seis senadores.
A maioria das pesquisas mostra uma disputa acirrada entre o La Libertad Avanza, de Milei, e a coalizão peronista, Fuerza Patria. As disputas mais importantes ocorrerão na província de Buenos Aires, densamente povoada, onde um grande número de cadeiras está em disputa.
Uma vitória esmagadora de Milei não daria ao seu partido a maioria no Congresso. Mas os especialistas dizem que mais de 35% dos votos seria um resultado positivo para o governo. Um aumento substancial nas cadeiras de seu partido poderia permitir que ele bloqueasse os esforços dos parlamentares da oposição para derrubar seus vetos, como fizeram nos últimos meses.
Para alcançar esse resultado, Milei deve garantir o apoio de milhões de argentinos que votaram nele para presidente no final de 2023, mas que, apesar de uma queda notável na inflação, expressaram desapontamento com o crescimento mais lento da economia, cortes profundos nos gastos públicos e as alegações de corrupção que abalaram o partido governista.
Mariel Fornoni, da empresa de consultoria Management & Fit, disse que Milei deve atrair os eleitores alinhados com o PRO, um partido de centro-direita que formou alianças com Milei no Congresso.
"A chave é motivar aqueles que não vão votar e que os apoiaram anteriormente, especialmente aqueles que estão desencantados", disse Fornoni.
Após a eleição, muitos analistas preveem uma desvalorização do peso, que, segundo eles, foi supervalorizado para conter a inflação. Desde abril, a Argentina tem mantido o peso em uma faixa administrada, que, segundo os investidores, provavelmente será ampliada.
(Reportagem de Nicolás Misculin; Reportagem adicional de Horacio Soria)