Presidente eleito da Bolívia enfrentará reservas vazias e Congresso fragmentado
LA PAZ (Reuters) - O presidente eleito da Bolívia, Rodrigo Paz, tomará posse no sábado, herdando uma economia em turbulência e enfrentando negociações complicadas no Legislativo para aprovar reformas
LA PAZ (Reuters) - O presidente eleito da Bolívia, Rodrigo Paz, tomará posse no sábado, herdando uma economia em turbulência e enfrentando negociações complicadas no Legislativo para aprovar reformas que, segundo os economistas, são necessárias para estabilizar as finanças do país.
Paz, um ex-senador centrista do Partido Democrata Cristão, venceu o segundo turno das eleições de 19 de outubro. Sua vitória marcou uma mudança histórica para a Bolívia após quase duas décadas de governo esquerdista sob o partido Movimento ao Socialismo (MAS).
Embora o partido de Paz seja o maior do Parlamento, não tem maioria em nenhuma das Casas, portanto, ele precisará construir alianças. No entanto, a nova legislatura, que deverá vigorar até 2030, é dominada por partidos pró-negócios e de direita, o que pode facilitar o caminho para políticas favoráveis ao mercado, segundo analistas.
O presidente da Argentina, Javier Milei, e o presidente do Chile, Gabriel Boric, estarão entre os participantes da posse de 8 de novembro em La Paz.
O desafio imediato de Paz é garantir o financiamento externo e implementar políticas que podem ser impopulares, incluindo o corte dos subsídios à energia e a adoção de um sistema de taxa de câmbio mais flexível.
"Quando Paz assumir o cargo, ele não terá nenhuma reserva líquida no banco central para importar combustível", disse o economista Juan Sola, da BancTrust & Co. "Mas os credores multilaterais estão ansiosos para apoiar a Bolívia nesse novo processo."
A Bolívia, um produtor de gás natural e grãos sem litoral, está enfrentando sua pior crise econômica em décadas. A nacionalização de setores estratégicos tem desencorajado o investimento estrangeiro, afetando a produção.
A inflação anual subiu acima de 20%, enquanto as reservas cada vez menores de moeda estrangeira -- corroídas pela paralisação da produção e das exportações de energia -- provocaram uma escassez aguda de combustível e dólares norte-americanos.
"Em termos médicos, a economia está à beira da morte", disse Gabriel Espinoza, consultor econômico do novo governo.
Paz disse que uma de suas primeiras prioridades será a redução dos subsídios ao diesel para a agricultura e outros setores empresariais. Os subsídios à gasolina para o transporte público serão eliminados mais gradualmente em uma tentativa de amortecer o impacto sobre os cidadãos comuns, disse Paz.
No mês passado, Paz viajou a Washington para se reunir com credores multilaterais.
Tanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) se mostraram dispostos a apoiar o novo governo. Todos os empréstimos devem ser aprovados pelo Parlamento da Bolívia.
Paz, que se comprometeu a manter os programas sociais e, ao mesmo tempo, promover o crescimento liderado pelo setor privado, inicialmente resistiu a buscar o apoio do FMI, mas uma fonte próxima ao governo disse que a equipe econômica de Paz já havia apresentado seu programa ao Fundo, na esperança de que ele pudesse abrir novas linhas de crédito.
A capacidade de Paz de garantir o apoio público para suas medidas será fundamental para a estabilidade política, disse Sola
"Dessa forma, o governo evita ser percebido como um mero cumpridor das exigências do FMI", disse Sola.
(Reportagem de Lucinda Elliott, em Montevidéu, e Daniel Ramos, em La Paz)